O descolamento de membranas é um método mecânico de indução do parto. Algumas pessoas referem-se a ele como “toque maldoso” mas não me revejo nesse termo.
Geralmente é feito na consulta de obstetrícia, após consentimento informado, com a intenção de antecipar o início do trabalho de parto, pelo que apenas deve ser realizado quando existe um motivo para induzir o parto ou por escolha da grávida a partir das 39 semanas.
Consiste em, durante o toque vaginal, o profissional de saúde introduzir o dedo através do colo do útero até alcançar as membranas que envolvem o bebé e, com um movimento circular, descolar as membranas do útero. Se o colo do útero estiver fechado, não será possível realizar. Dura alguns segundos e a grávida pode pedir para que se interrompa o procedimento a qualquer momento.
Na imagem aparece apenas um dedo mas habitualmente é feito com dois dedos introduzidos na vagina (o indicador e o médio).
Não confundam com descolamento de placenta (que é algo inesperado e uma emergência) nem ruptura da bolsa.
É, na minha experiência, um procedimento habitualmente bem tolerado pela grávida, com a maioria a referir uma sensação de grande pressão durante a sua realização e, por vezes, ficando com um corrimento vaginal rosado/acastanhado.
Uma metanálise mostra uma redução da % de indução (23 vs 31%) e aumento de % início de trabalho de parto “espontâneo” (72 vs 60%) no grupo onde é realizado descolamento de membranas, sem prejudicar outros desfechos maternos ou neonatais.
O descolamento de membranas também diminui a probabilidade de se chegar às 42 semanas de gravidez, quando realizado às 41 semanas.
Ter o Streptococcus do grupo B positivo ou cesariana anterior não é contraindicação para a realização de descolamento de membranas.
Na minha prática, costumo sugerir o descolamento de membranas quando planeamos um internamento em breve para indução do parto, como última tentativa de um início de trabalho de parto fora do contexto hospitalar.
Desconheço os créditos da imagem. Se souberes de quem é, avisa para editar.