Sutura de lacerações do períneo

Em mais de metade dos partos acontece traumatismo da vagina ou períneo necessitando de sutura (dar pontos).

Uma das perguntas mais frequentes após o parto é: “Quantos pontos é que eu levei?”

Ora… não dá para contar! 🙂

As lacerações do períneo devem ser suturadas de forma contínua, ou seja, não são feitos pontos separados que se consigam contar.

As vantagens da sutura contínua são:

– menor dor no pós-parto;

– menor necessidade de usar analgésicos no pós-parto;

– menor necessidade de remover os pontos;

– talvez menor dor nas relações sexuais no pós-parto.

Em “Sutura pós-parto” encontras algumas recomendações gerais sobre a fase de dar os pontos.

Queres saber com mais detalhe como é feita a sutura? Eu explico-te!

Primeiro encontramos a ponta (ângulo) da laceração dentro da vagina. É por aí que temos que começar: damos um ponto com nó e depois continuamos por ali abaixo, na direção da entrada da vagina, de um lado para o outro.

Quando chegamos à entrada da vagina, passamos o fio para a parte profunda da laceração (se tiverem sido atingidos os músculos perineais), e aproximamos esses músculos.

Depois vamos profundamente em direção à outra ponta da laceração, ao ângulo na pele que fica mais perto do ânus.

A partir daí fazemos uma sutura intradérmica (debaixo da pele) em direção novamente à vagina.

Quando chegamos à zona onde tínhamos passado para os planos profundos, podemos fazer o nó final no fio e fica a laceração toda fechada.

Vê esta imagem que mostra o que acabei de descrever:

técnica sutura perineo

Percebem porque não dá para contar?

Existindo menos nós a apertar a pele, existem menos pontos de tensão/dor, menos fio de sutura para ser absorvido e teoricamente também poderá diminuir o risco de infeção.

As melhores perguntas a fazer são:

  • Qual o grau da laceração? Existem 4 graus e se for grau 1 ou 2 significa que não é grave porque não atingiu o esfíncter anal.
  • Quantos centímetros tem aproximadamente a laceração?

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Referências:

Kettle C, Dowswell T, Ismail KM. Continuous and interrupted suturing techniques for repair of episiotomy or second-degree tears. Cochrane Database Syst Rev. 2012;11(11):CD000947. Published 2012 Nov 14. doi:10.1002/14651858.CD000947.pub3

Webb S, Sherburn M, Ismail KM. Managing perineal trauma after childbirth. BMJ. 2014;349:g6829. Published 2014 Nov 25. doi:10.1136/bmj.g6829

Créditos da imagem 1: @bulukinhabordados

Créditos da imagem 2: doi:10.1136/bmj.g6829

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