grávida em trabalho de parto debruçada na bola de pilates e sendo apoiada por médica obstetra

Queda de cabelo pós-parto

Depois de ter começado por aqui a queda de cabelo no pós-parto, decidi ir investigar um bocadinho melhor este assunto.

Para minha surpresa, não encontrei estudos de qualidade para partilhar convosco.  No artigo “The Postpartum Telogen Effluvium Fallacy” chegam mesmo a concluir que, pela  revisão da literatura que fizeram, diriam que a frequência deste tipo de queda de cabelo é tão baixa e indefinida que ousam dizer que não existe.

Mas, vamos então falar do que se sabe:

O nome médico desta condição é deflúvio telogénico e consiste numa perda de cabelo difusa, que ocorre cerca de 3 meses após um evento desencadeador (neste caso, o parto) e tem duração limitada no tempo.

No pós-parto, a perda de cabelo pode ser explicada pelas variações nos níveis hormonais mas também pode estar associada a ansiedade, deficiências nutricionais ou ser causada pela tração capilar por se andar sempre de cabelo preso, que são bastante frequentes na adaptação à vida com um novo bebé.

A perda de cabelo ocorre como resultado de uma mudança anormal no ciclo do cabelo que leva à queda prematura de cabelo , mas não é esperada a perda total do cabelo do couro cabeludo.

Normalmente, cada folículo no couro cabeludo humano passa independentemente por três fases principais: anagénica (crescimento), catagénica (transição) e telogénica (repouso). A fase telogénica dura três meses e termina com a queda de cabelo do folículo.

O facto dos folículos pilosos do couro cabeludo em humanos estarem em fases diferentes do ciclo evita episódios periódicos de queda de cabelo em massa. Em vez disso, a queda de cabelo ocorre continuamente, sendo qua, na ausência de distúrbios do couro cabeludo, caem normalmente 50 a 150 fios de cabelo por dia.

O deflúvio telogénico ocorre quando a proporção de folículos pilosos na fase telógena aumenta significativamente, passando de 10 para até 35% dos folículos, resultando em subsequente queda proeminente de cabelo de mais de 150-200 cabelos por dia.

O impacto visual é ainda maior porque na gravidez o cabelo tinha ficado mais tempo na fase anagénica, parecendo mais denso do que antes de engravidar.

A boa notícia é que esta queda de cabelo excessiva é temporária e não precisas de fazer nada para a solucionar. Na realidade não existe nenhum tratamento que se tenha provado ser eficaz, além de corrigir eventuais deficiências nutricionais, como ferro, zinco ou vitamina D.

A maioria das mulheres vê o cabelo recuperar até ao primeiro aniversário do filho, ainda que possa não voltar a ter a mesma densidade capilar comparando com antes de engravidar.

Sei como tudo isto pode influenciar o teu bem-estar emocional, auto-imagem e auto-estima. Procura apoio se não estiveres a conseguir lidar sozinha com as tuas emoções.

Deixo-te algumas dicas:

– Cuida de ti o melhor que conseguires. Diminuir a ansiedade e ter uma alimentação equilibrada pode melhorar a saúde do teu cabelo.

– Experimenta um novo penteado. Alguns cortes de cabelo fazem o cabelo parecer mais volumoso.

– Utiliza champô e amaciador para cabelos finos que adicionem volume.

Se o teu cabelo não voltar à sua espessura normal após um ano, é boa ideia consultares um dermatologista pois pode haver outra causa para a queda do teu cabelo e um diagnóstico preciso é essencial para um tratamento eficaz.

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Referências:

Calvão, J., & Oliveira Soares, R. (2020). Chronic Telogen Effluvium. Journal of the Portuguese Society of Dermatology and Venereology, 78(4), 311-319. https://doi.org/10.29021/spdv.78.4.1254

Mirallas O, Grimalt R. The Postpartum Telogen Effluvium Fallacy. Skin Appendage Disord. 2016;1(4):198-201. doi:10.1159/000445385

Gizlenti S, Ekmekci TR. The changes in the hair cycle during gestation and the post-partum period. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2014;28(7):878-881. doi:10.1111/jdv.12188

Reid EE, Haley AC, Borovicka JH, et al. Clinical severity does not reliably predict quality of life in women with alopecia areata, telogen effluvium, or androgenic alopecia. J Am Acad Dermatol. 2012;66(3):e97-e102. doi:10.1016/j.jaad.2010.11.042

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