grávida em trabalho de parto debruçada na bola de pilates e sendo apoiada por médica obstetra

Indução do parto com balão

O que é a indução do parto com balão?

Um dos métodos mecânicos (ou seja, não medicamentosos) de indução do parto é usando um balão dentro do útero que fica a fazer pressão sobre o colo do útero, como se fosse uma mini cabeça de bebé. Esta pressão ajudará o colo a ficar mais fino e dilatado, podendo também desencadear contrações uterinas.

Este método surgiu para tentar diminuir os riscos da indução após cesariana, mas pode ser usado mesmo sem cesariana anterior.

Existem diferentes tipos de balões mas o mais habitual é a sonda de Foley que, por ser a “banal” algália usada em alguns contextos para manter a bexiga vazia, existe em todas as maternidades e é uma opção eficaz mas mais barata que os modelos de balão desenhados especificamente para a indução do parto.

O procedimento em si é bastante simples: através de toque vaginal ou através de observação com espéculo, é introduzido o tubo com o balão vazio através do colo do útero, depois enche-se o balão com 30-80 mL de água destilada, que fica acima do colo do útero, e o tubinho fica a sair pela vagina, por onde se pode desinsuflar o balão se for necessário. Alguns profissionais optam por colar esse tubinho à face interna da coxa da grávida, mantendo-o sob alguma tensão.

Neste desenho conseguem ver como o balão fica dentro do útero, mas fora da bolsa do bebé:

Uma das vantagens da indução com balão é que não causa efeitos secundários sistémicos (no resto do corpo) e o risco de sobrestimulação do útero, ou seja as contrações se tornarem demasiado fortes ou frequentes, é menor do que com a utilização de medicamentos, como as prostaglandinas. Por isso, o protocolo usado em algumas maternidades permite a indução em ambulatório, ou seja, se não tiveres uma gravidez com maior risco, possas ir para casa após a colocação do balão e aguardar pelo início do trabalho de parto ou ficar internada caso nada aconteça para continuar a indução com outro método, e assim ficas menos tempo internada, potencialmente melhorando a satisfação e diminuindo os custos com a indução do parto.

A indução com balão tem efeitos adversos?

Como qualquer procedimento médico, a indução do parto com balão tem potenciais riscos e efeitos secundários, embora sejam incomuns e, geralmente, pouco graves:

 – Desconforto ou dor: a inserção do balão pode causar algum desconforto ou dor, embora geralmente seja bem tolerada;

– Rutura prematura das membranas: há um risco pequeno de que a bolsa possa romper-se antes do início das contrações;

– Perda de sangue pela manipulação do colo do útero;

– Não parece existir maior risco de infeção;

– Falha na indução: o balão pode não ser suficiente para iniciar o trabalho de parto, ou pode demorar mais tempo do que o esperado. Neste caso, podem ser necessárias outras intervenções para induzir o parto. Isto pode acontecer com qualquer método de indução que se escolha.

– Para algumas mulheres, o procedimento pode ser emocionalmente desafiante, especialmente se estavam a desejar um trabalho de parto espontâneo.

Quanto tempo demora até à indução com balão fazer efeito?

O tempo que a indução do parto com balão demora a surtir efeito é algo que pode variar bastante. Tanto tive grávidas em que nada aconteceu, como quem tenha expulsado o balão passado algumas horas, como também quem começou imediatamente com contrações regulares e pariu passado meia dúzia de horas.

Mas, o mais provável é que o balão não seja suficiente para entrares na fase ativa do trabalho de parto. Na realidade, o objetivo principal do balão é amadurecer o colo, de forma a permitir continuar a indução com ocitocina.

Logo que o colo do útero dilate alguns centímetros (os cm equivalentes ao seu diâmetro), o balão será “parido” e deixará de fazer efeito.

Se o balão não for expulso após 12 a 24 horas, poderá ser removido para iniciar-se outro método de indução ou será iniciado outro método (prostaglandinas ou ocitocina) mantendo o balão dentro do útero. Aguardando apenas 12 horas para avançar com outro método, teremos um número significativamente maior de partos vaginais dentro de 24 horas do que quando se espera 24 horas, sem aumentar a taxa de cesariana.

📸 @doula_dianasantos

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Referências:

de Vaan MD, Ten Eikelder ML, Jozwiak M, et al. Mechanical methods for induction of labour. Cochrane Database Syst Rev. 2023;3(3):CD001233. Published 2023 Mar 30. doi:10.1002/14651858.CD001233.pub4

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Fruhman G, Gavard JA, Amon E, Flick KV, Miller C, Gross GA. Tension compared to no tension on a Foley transcervical catheter for cervical ripening: a randomized controlled trial. Am J Obstet Gynecol. 2017;216(1):67.e1-67.e9. doi:10.1016/j.ajog.2016.09.082

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S, Khan M, Hashimi F, Chamy C, D’Souza R. Inpatient versus outpatient induction of labour: a systematic review and meta-analysis [published correction appears in BMC Pregnancy Childbirth. 2020 Jul 13;20(1):403]. BMC Pregnancy Childbirth. 2020;20(1):382. Published 2020 Jun 30. doi:10.1186/s12884-020-03060-1

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