É mito!
Não há evidência que o clampeamento tardio do cordão umbilical (quão tardio cada uma de vocês escolha ser) seja prejudicial aos bebés nascidos de grávidas com Rh negativo. Ou seja, podem esperar para cortar o cordão, mesmo que o vosso grupo de sangue seja Rh negativo.
O medo de esperar seria de surgir icterícia grave – aka “o bebé ficar amarelo” e com complicações disso.
Sabemos que o clampeamento tardio aumenta a probabilidade de se “precisar” de fazer fototerapia (ou seja, tratamento com luzes por o bebé estar amarelo). Coloco isto entre aspas porque uma das coisas que isto me faz pensar é que provavelmente os critérios para decidir fazer fototerapia deveriam ser repensados. Mas isso já não é tema para obstetra…
Considerando então os tais critérios atuais para se decidir fazer fototerapia, os bebés que têm o corte do cordão imediatamente após o parto têm 2.74% probabilidade de fazer fototerapia e os de corte tardio têm 4.36%. Sem aumento de outras complicações mais graves para a grávida ou para o bebé.
O clampeamento tardio nas grávidas Rh negativo até pode diminuir a probabilidade de isoimunização Rh (produção de anticorpos contra sangue Rh positivo).
Inclusive, mesmo os bebés que têm a doença decorrente desses anticorpos (doença hemolítica do recém-nascido, que é atualmente incomum pela administração rotineira de imunoglobulina anti-D) podem beneficiar do clampeamento tardio.
Resumindo: quer sejas Rh negativo quer positivo, podes optar pelo corte tardio do cordão umbilical.
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Referências:
DOI: 10.1002/14651858.CD004074.pub3
DOI: 10.21037/tp.2016.04.02