Existem vários argumentos contra o clampeamento tardio mas será que são baseados em evidência científica?
Um dos receios frequentes é o risco de hemorragia pós-parto e há quem defenda que o clampeamento imediato seguido de tracção do cordão umbilical (e administração de ocitocina) diminui esse risco – é a chamada gestão ativa da saída da placenta.
A alternativa é aguardar que surjam sinais de separação placentar e a placenta nasça espontaneamente por esforços expulsivos maternos.
Ainda que alguns estudos mostrem que a gestão ativa reduz o risco de hemorragia pós-parto grave, esses estudos são de baixa qualidade e o efeito parece ser apenas significativo em situações de risco elevado de hemorragia.
A gestão ativa, como tudo na vida, também tem desvantagens. Pode aumentar a probabilidade de ser necessária a remoção manual da placenta, surgirem vómitos, maior dor associada à involução uterina e regresso ao hospital depois da alta por hemorragia.
Os estudos que se focam na tracção controlada do cordão umbilical mostram que o seu efeito a prevenir a hemorragia pós parto é modesto, mais baixo que o esperado.
A etapa que parece ser mais relevante na gestão ativa é a administração de ocitocina, e essa não é incompatível com o clampeamento tardio.
Mesmo durante uma cesariana programada, não parece existir mais risco de hemorragia quando se procede ao clampeamento tardio do cordão umbilical.
Assim, somando às vantagens do clampeamento tardio para o bebé, crescem os argumentos para termos menos pressa no corte do cordão umbilical.
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Referências: