Vamos falar sobre bebés grandes?
Macrossomia refere-se a um feto cujo peso é superior a 4000 a 4500 gramas ao nascer, dependendo dos estudos.
Qual é o problema?
Nestes casos, existe um risco aumentado de várias complicações durante o parto, como trauma materno (laceração perineal mais grave) e/ou fetal (como consequência de distócia de ombros, que será o tema do próximo post), hipoglicemia neonatal e problemas respiratórios. A longo prazo, os bebés macrossómicos podem ter maior risco de desenvolver obesidade e resistência à insulina.
Então devemos rastrear a macrossomia em todas as grávidas?
Nos vários protocolos internacionais não existe a recomendação de rastrear todas as grávidas, porque não existe atualmente nenhum rastreio verdadeiramente eficaz:
não temos nenhum método capaz de prever com precisão quando um bebé vai nascer grande;
não temos nenhuma intervenção que ajude a reduzir o crescimento excessivo do bebé;
não há forma de prever com exatidão o risco de lesões no bebé (e na grávida) durante o parto.
Mas… Na prática, como a DGS recomenda a realização de uma ecografia no 3′ trimestre a todas as grávidas com o objetivo principal de encontrar os bebés pequenos, inevitavelmente algumas grávidas de baixo risco vão receber a informação que o seu bebé tem um percentil acima do 90 e vão ser confrontadas com estes receios.
Então a ecografia é inútil para este tipo de avaliação?
Não é inútil, mas deve ser interpretada com cautela para não levar a intervenções desnecessárias.
A estimativa do peso do bebé por ecografia ou a medição da sua circunferência abdominal, não são perfeitos para prever a macrossomia ou o risco de complicações, como a distócia de ombros. Por exemplo, numa metanálise com mais de 110000 grávidas, verificou-se que a ecografia, quando usada para prever se um bebé vai nascer com mais de 4 kg, acerta em apenas cerca de metade das vezes. E quando se trata de prever uma complicação séria como a distócia de ombros, a ecografia acerta ainda menos, em apenas 22% dos casos.
No entanto, a ecografia pode ser mais útil em casos selecionados de maior risco, como:
Diabetes materna prévia ou gestacional (especialmente se mal controlada);
Histórico de bebé macrossómico (especialmente se houve complicações no parto anterior);
Histórico de distócia de ombros.
Quem por aí teve o “fantasma” do bebé grande a pairar na gravidez e depois afinal não se confirmou?
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Referência:
Esta informação é de carácter genérico e não dispensa a consulta com o teu médico assistente.