Frequentemente quando estamos perante uma escolha na gravidez ou parto não sabemos qual vai ser o desfecho qualquer que seja a nossa opção.
Muitas escolhas não são lineares e preocupa-me quem tem muitas certezas quanto às consequências de cada caminho.
Nestes casos, quando estou a acompanhar e informar o processo de uma escolha de uma grávida, fico com a sensação que para aquela situação não existe escolha errada, que simplesmente são formas diferentes de viver as coisas e que nenhum caminho lhe garante (ou impede) o desfecho que ela deseja. Que a coisa mais importante é que a escolha seja DELA! Para que, no futuro e ao deparar-se com o resultado final, consiga ficar em paz que fez o melhor que podia para as circunstâncias/informação que tinha e que ninguém lhe roubou essa oportunidade.
É por isso que me esforço ao máximo por não interferir nestas escolhas que não são “de vida ou de morte” (mesmo sentindo a angústia da incerteza da grávida), não me demitindo, claro, da minha função de médica obstetra nos casos em que é necessária a minha intervenção mais direta e incisiva.
Por exemplo, se a tua principal preocupação é evitar uma cesariana, é importante que saibas que tanto podes terminar numa cesariana se escolheres induzir o parto como se escolheres não induzir. Não vais conseguir prever os obstáculos em cada caminho, apenas podes refletir sobre probabilidades (que mesmo assim podem não se adequar à tua realidade).
O mundo é complexo e nem só de evidências científicas se faz uma experiência de gravidez e parto positivas.
👉 De que interessa seguir um caminho que tem mais evidências se o vais fazer à custa de ansiedade e angústia?
A mim interessa mais que tenhas uma gravidez e parto tranquilos e positivos do que tudo seja feito “by the book”, ignorando o teu contexto emocional, familiar, social…
Que faças escolhas com os pés no chão, de acordo com a tua realidade naquele momento. E sigas em paz.
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